quarta-feira, 13 de maio de 2015

100 ANOS DRAMÁTICO DE CASCAIS


A História do Dramático de Cascais

A 13 de Março de 1915 num baile no Teatro Gil Vicente, em Cascais, um grupo de rapazes da terra deliberou apresentar naquele teatro uma revista de costumes locais por eles representada, encarregando-se de escrever os textos os Srs. Álvaro de Meneses Leal e João Pereira de Freitas, a que deram o título de Sapatadas.

Após intensíssimos esforços, ensaiaram, montaram os cenários, idealizaram o guarda-roupa, e no dia 9 de Maio daquele ano, com o teatro completamente cheio, subia à cena a mencionada e divertida revista, que obteve notável êxito, partilhado pelos actores e promotores, que ficaram radiantes.

Logo depois da representação foram todos cear ao Restaurante Flor da Ponte, no Largo de Camões (onde hoje se encontra o Restaurante John Bull), onde no meio da maior alegria, por proposta de José Florindo de Oliveira Júnior, se decidiu fundar um grupo dramático.

Para que tudo ficasse bem assente em bases de fundação, ficou resolvido reunirem-se novamente os presentes no dia 13 de Maio seguinte, naquele mesmo restaurante, para que se iniciasse a vida colectiva.

Ficou assim como data de fundação do grupo o dia 13 de Maio de 1915.

Foi depois decidido dar ao agrupamento o nome de Grupo Dramático Álvaro Leal, como homenagem a este distinto académico, deliberando-se que seriam sócios fundadores os Srs.
  • Álvaro de Mendes Leal
  • João Pereira de Freitas
  • José Florindo de Oliveira Júnior
  • António Boaventura Santa
  • Armando Júlio de Oliveira
  • Joaquim José de Oliveira Aguiar
  • Fernando Duarte Cabral
  • Manuel Ferreira da Silva
  • Joaquim Teotónio de Aguiar Segurado
  • José Constantino Pereira Jorge
  • Mário de Jesus Pereira
  • Bernardino Augusto da Silva
  • António Gomes Simões
  • António Gonçalves Coimbra
  • José Cardoso Rodrigues
  • Joaquim Olegário Júlio Ferreira
  • Eugénio Nunes Ribeiro
  • Manuel Lázaro Nunes
  • José Zacarias Duarte Cabral
  • José Cornélio
  • José Dias Moreira Júnior
  • Manuel Ferreira
  • João Marinha Arraia
  • José Segurado
  • Telmo Vilar Maniot

Completam-se 100 anos sobre a data que aqueles 25 amadores da arte de Talma, movidos pelo seu ideal, se constituíram em grupo.

Mas todos eles, jovens que eram, também tinham o vírus do desporto e por isso, alargaram a sua acção aquele campo de actividade ainda não se tinha completado um mês após a primeira reunião.

Para tanto resolveram mudar o nome da colectividade para Grupo Dramático e Sportivo de Cascais, adoptando como lema: "ARTE, SPORT e BEM".

Assim, na Arte havia teatro, com a revista Sapatada, a que se seguiram outras peças teatrais de grandes êxitos, entre as quais se destacam, a Tasca, D.César de Bazan, Alfinetadas, Só d'óculos, etc, etc.

Também no sector da Arte se formou um grupo de canto coral, ensaiado pelo distinto associado padre Caetano Baptista.

No campo do Sport, o grupo começou com a Secção de Futebol, disputando os Campeonatos no núcleo Oeiras - Sintra - Cascais, seguindo-se outras secções, tais como: Pólo Aquático, Pingue Pong, Ciclismo, Andebol de 11, e anos depois foram introduzidas outras modalidades, tais como: Basquetebol (masculino), Pesca, Hóquei em Patins, Ginástica, Basquetebol (feminino), Badmington, Judo, Karaté, Andebol de 7, Hóquei em Campo, Corridas de Patins, Rugby entre outros.

No âmbito do Bem, obedecendo à divisa, realizaram-se várias festas, tais como: bailes, arraiais, peças teatrais, provas desportivas, etc, quase todas elas a favor de pessoas de fracas possibilidades económicas, a quem a má sorte bateu à porta.

Mas um dos maiores bens que este grupo praticou foi por ocasião da terrível epidemia pneumónica, em 1918 (peste terrível, que arrasou o nosso país). A Direcção do Grupo transformou a sua sede em refúgio de órfãos, e ali albergou, durante vários meses, até que as pôde colocar em orfanatos e casas de caridade, cerca de 50 crianças, a quem alimentou, vestiu e deu assistência médica, prestada pelos associados Drs. António Pereira Coutinho e Rui Dique Travassos Valdez.

O G.D.S.CASCAIS foi também proprietário de duas praças de touros em Cascais - a primeira inaugurada em 4 de Julho de 1915 - ambas oferecidas pelo amigo e associado Sr. Alfredo Paulo de Carvalho.

Por ali passaram grandes nomes da tauromaquia portuguesa, sendo quase todas as corridas realizadas em benefício de colectividades locais, tal como a Associação Humanitária Recreativa Cascaense (hoje Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cascais), Sociedade Musical de Cascais, Clube Almeida Garrett, Santa Casa da Misericórdia de Cascais, etc., que ali foram buscar receitas para os seus cofres.

Ao longo dos seus 100 anos, já conheceu oito locais como sede:
  • sendo a primeira no Largo Luís de Camões (por cima da Ourivesaria Ideal), por deferência do associado José Florindo de Oliveira Júnior;
  • passando depois para a Rua Afonso Sanches, onde está hoje a Câmara (Edifício do Vidraceiro);
  • de onde passou para o antigo Casino Baía, na Praça Costa Pinto (que depois, nos anos 30, foi sede da Sociedade Musical de Cascais);
  • seguindo-se, como sede provisória, o antigo Casino da Praia;
  • depois para um edifício na Rua Regimento 19;
  • daqui para outro prédio, camarário (onde hoje se encontra a Junta de Freguesia), na Rua das Flores;
  • para o Pavilhão dos Desportos de Cascais;
  • para o Pavilhão Guilherme Pinto Basto, onde actualmente se encontra.

Quanto ao campo de Futebol na Avenida da República, em Cascais, terreno que era um pinhal foi em princípio emprestado ao Grupo Dramático pelo seu proprietário, Sr. Guilherme Salgado, para nele fazer o seu parque de jogos. Assim, os associados do grupo, ajudados pelos militares aquartelados na Cidadela, desbravaram o terreno, dando-lhe a forma de um campo de Futebol (mais ou menos como ele ainda se encontra).

Em 30 de Junho de 1938, para salvaguardar o terreno, foi feito um contrato de arrendamento entre o proprietário, Sr. Guilherme de Sousa Ottero Salgado, e o Grupo Dramático e Sportivo de Cascais, pela quantia de 10$00 mensais (aproximadamente 0,05€), declarando ainda o proprietário que este preço moderado é pelo amor que tem ao desporto e ao Grupo Dramático. Assinaram o proprietário e o Presidente do Dramático, Sr. Vítor Manuel Ferreira Bazaliza.

Nos anos 50, a Câmara Municipal comprou todo o terreno do hoje chamado Bairro do Rosário ao proprietário, estando nele integrado o campo de Futebol, mantendo a Câmara, no entanto, o contrato de arrendamento na sequência do contrato inicial.

Deu já este Grupo grande número de atletas ao País, integrados nas suas selecções nacionais, nas seguintes modalidades: Futebol (juniores e juvenis), Pesca, Badmington, Hóquei em Patins, Hóquei em Campo, Corridas de Patins, Rugby, Ginástica e Polo Aquático.

O ano de 2005 marcou um importante ponto de viragem na vida do Dramático de Cascais. A mudança para o Pavilhão Guilherme Pinto Basto, na Guia, proporcionou ao clube condições como nunca tinha tido ao longo do seu historial. Devido a esse facto, o número de sócios e atletas subiu em flecha, sendo que hoje em dia esse número se situa muito perto dos 3500.

Acompanhando a mudança em termos de pavilhão, também o rugby e o futebol mudaram de instalações. Depois de anos a sofrer no já muito degradado Campo Guilherme Salgado, o Dramático mudou para o moderníssimo Estádio da Guia. O recinto, equipado com relva sintética de última geração, é considerado pela FIFA como um dos melhores campos de piso artificial do Mundo.

Fontes: www.dramatico-cascais.com (adaptado) e Wikipedia